De Ângelo de Lima (1872–1921) conhecemos quarenta e três poesias, inclusive as que foram publicadas no segundo número da revista Orpheu. Este corpus, embora limitado, estimula-nos não só pela qualidade dos seus versos, mas também por um paralelismo que nasce espontaneamente: o simbolismo moderadamente modernista de Lima situa-se numa ótica parecida com a do grande poeta “louco” italiano Dino Campana (1885–1932), cuja obra é mais ou menos contemporânea de Lima, tal como o triste fim num manicómio e o tema da busca do próprio Eu através da “viagem” – quer real quer unicamente poética – num “além” espacial e temporal. Ambos esquizofrénicos, ambos presos por comportamentos socialmente inaceitáveis, ambos adeptos das correntes modernistas, mas ancorados ao Simbolismo, de Lima e Campana são dois poetas visionários, alucinados, loucos, órficos, vagabundos, ou, pelo menos, foi esse o modo como as respetivas críticas literárias os definiram, embora nenhuma dessas definições seja capaz de iluminar claramente a poética destes dois autores que viveram na passagem do século XIX para o XX.
Para Là da Loucura: As Viagens Poéticas e Orficas de Angelo de Lima e Dino Campana
GORI, BARBARA
2016
Abstract
De Ângelo de Lima (1872–1921) conhecemos quarenta e três poesias, inclusive as que foram publicadas no segundo número da revista Orpheu. Este corpus, embora limitado, estimula-nos não só pela qualidade dos seus versos, mas também por um paralelismo que nasce espontaneamente: o simbolismo moderadamente modernista de Lima situa-se numa ótica parecida com a do grande poeta “louco” italiano Dino Campana (1885–1932), cuja obra é mais ou menos contemporânea de Lima, tal como o triste fim num manicómio e o tema da busca do próprio Eu através da “viagem” – quer real quer unicamente poética – num “além” espacial e temporal. Ambos esquizofrénicos, ambos presos por comportamentos socialmente inaceitáveis, ambos adeptos das correntes modernistas, mas ancorados ao Simbolismo, de Lima e Campana são dois poetas visionários, alucinados, loucos, órficos, vagabundos, ou, pelo menos, foi esse o modo como as respetivas críticas literárias os definiram, embora nenhuma dessas definições seja capaz de iluminar claramente a poética destes dois autores que viveram na passagem do século XIX para o XX.Pubblicazioni consigliate
I documenti in IRIS sono protetti da copyright e tutti i diritti sono riservati, salvo diversa indicazione.